_a homenageada, zezé motta
A brilhante carreira de Zezé Motta (Campo dos Goytacazes, RJ, 1944) como cantora, atriz e ativista, impressiona e inspira. Como atriz, deu vida a personagens marcantes da teledramaturgia, do cinema e do teatro em mais de 50 anos de carreira, colocando o protagonismo feminino e negro no centro da cena artística nacional. Estudou interpretação no teatro O Tablado, no Rio. Estreou profissionalmente em 1967, no musical Roda Viva, de Chico Buarque, dirigido por Zé Celso, e fez espetáculos históricos, como Arena Conta Zumbi, e em musicais como Godspell e Abre Alas, sobre Chiquinha Gonzaga. Alcançou fama com Xica da Silva, uma das primeiras personagens do cinema nacional a trazer para primeiro plano a força da mulher negra como agente transformadora de sua vida e de sua realidade. O filme integra a seleção do Festival em sessão de homenagem a Zezé, seguida de debate. Sua parceria com o diretor Cacá Diegues garantiu a ela o Candango de Melhor Atriz por Xica e sucesso internacional, prosseguindo com outros quatro filmes: Quilombo, Dias Melhores Virão, Tieta e Orfeu. O diretor afirma que "se o cinema brasileiro tivesse um rosto, seria Zezé Motta". Com Cacá, além de Xica, Zezé interpretou em Quilombo o poder de Dandara dos Palmares, guerreira negra casada com Zumbi. Zezé trabalhou com grandes cineastas brasileiros como Hugo Carvana, Arnaldo Jabor, Nelson Pereira dos Santos e Jeferson De nos 45 longas em que atuou. As mulheres que dirigiram Zezé são Tereza Trautman, Maria Letícia e Tizuka Yamasaki. Segue produzindo intensamente com atuações na série em 3% da Netflix, distribuída para 190 países, e no longa-metragem O Nó do Diabo (2017) que será lançado em junho nos cinemas. Zezé e os incontáveis personagens que interpretou desafiam estereótipos femininos tão comuns no cinema e na TV. Novos imaginários surgem a partir das suas atuações e instigam maior espaço para o protagonismo feminino nas telas, atrás das câmeras e na vida. Salve, Zezé Motta. A potência do seu talento, seu sorriso, sua luta e sua voz são motivo de celebração e reverência, inspirando o fim de todas formas de invisibilidade, desigualdade e opressão na vida e na arte.